quarta-feira, 30 de abril de 2008

Os conservadores são pessimistas quanto ao futuro e optimistas quanto ao passado

De acordo com Mumford o conceito de megamáquina referencia-se a estruturas centralizadas de poder que se relacionam com acessos diferenciais a conhecimento.
A abrangência desta megamáquina revela-se em noções absolutistas dos que detêm o poder e daqueles que contribuem, sendo a reverência à máquina uma das suas faces visíveis. Mumford considera que para se contrariar esta noção a utilização do da máquina, ou no seu sentido mais amplo da técnica, deve ser feita tendo em conta a sua funcionalidade aplicada ao bem estar do ser humano, visto individualmente e não como instituição ou organização com hierarquias definidas.
Mumford não podia prever o impacto que teriam os microcomputadores e muito menos a Internet e nesse sentido parece-me que pode ser feita uma análise ao tema, a dois níveis:
Por um lado, os computadores permitiram novos níveis de eficiência, dinamismo e interacção, que facilitam a existência de um certo grau de autonomia e o estabelecimento de redes e alternativas. A conectividade actualmente possível, estava longe de ser uma realidade na época do autor mas, permite relações orgânicas e dinâmicas e o estabelecimento de comunidades culturais, que se não forem deterministas e obsessivas permitem um olhar crítico e auxiliam a ponderação na tomada de decisões. Nesse sentido trata-se da técnica ao serviço do Homem como defendia Mumford.
Por outro lado, parece-me pertinente ponderar o controlo que grupos económicos efectuam sobre as tecnologias e os produtos que elas disponibilizam, os quais pretendem perpetuar um certo status quo expansível a nível global, graças à ubiquidade atingida pela tecnologias de informação e comunicação.
Posto isto, parece-me verosímil o potencial perigo previsto pelo autor, já que a presença e poder destes grupos se revela de formas indirectas, mantendo a sua presença de uma forma, por vezes, quase transparente, mas impeditiva de escolhas reais, aproximando-se da noção de monotécnica, contra a qual o autor advertia.

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